Vista do Lago Guaíba - Porto Alegre - RS (foto de arquivo pessoal)
Jonas (do hebraico יוֹנָה [yõnãh], "[[, pelo latim Ionas), como indicado em 2 Rs 14.25, foi um profeta israelita da Tribo de Zebulom. Jonas era filho de Amitai e um nativo de Gate-Hefer, um vilarejo situado a 5 Km em direção ao nordeste de Nazaré, dentro das fronteiras tribais de Zebulom. Profetizando durante o reinado de Jeroboão II (rei do Reino do Norte) e precedendo imediatamente Amós, ele foi um forte nacionalista que estava completamente consciente da destruição que os assírios haviam feito em Israel através dos anos. Jonas achou difícil aceitar o fato de que Deus pudesse oferecer misericórdia a Nínive, uma vez que seus habitantes mereciam um julgamento severo.
O nome de Jonas significa “pomba” ou “pombo”. Quanto ao caráter, ele é representado como obstinado, irritado, mal-humorado, impaciente e por seu hábito de viver somente com seu clã. Politicamente, é obvio que ele era um amante leal de Israel e um patriota comprometido. Religiosamente, ele professava um temor ao Senhor como Deus do céu, o Criador do mar e da terra. Mas sua primeira desobediência intencional, sua posterior relutante obediência e a sua ira sobre a extensão de misericórdia aos ninivitas revelam óbvias incoerências na aplicação da sua fé. A história termina sem indicar como Jonas respondeu à exortação e à lição objetiva de Deus.
"Veio a palavra do SENHOR a Jonas... dizendo: Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive... Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis..."Parece até um problema de comunicação, não é mesmo? Deus diz para Jonas: "...dispõe-te e vá pregar em Nínive!!!" e a Bíblia diz: "...Jonas se dispôs e foi para Társis..."
Será que houve falha na comunicação?? Impossível, pelo menos da parte de Deus. Não fosse a própria Bíblia relatar que Jonas ao receber tal ordem tentou ir para Társis fugindo da presença de Deus, poderíamos até pensar que o profeta tivesse interpretado ou entendido mal a ordem que recebera. Mas o fato é que Jonas entendeu muito bem aquela ordem e aprendemos uma coisa muito importante com isso:
Tal qual Jonas, nós não queremos ir a Nínive!! Não sentimos nenhum desejo de aparecer por lá!! E pensamos que não temos nenhuma capacidade de ir lá!!
Sabem por quê? Porque descendente de Adão nenhum acha compatibilidade entre os seus desejos e os desejos de Deus!
Nínive representa a OBRA MISSIONÁRIA, que nasceu no coração de Deus!! Deus sempre buscou o homem onde quer que ele se encontre. Nínive era uma grande cidade nos padrões da época, e Deus queria alcançar os habitantes daquela cidade.
Hoje, mais da metade da população mundial vive em áreas urbanas. 85% dos brasileiros vivem nas cidades. No mundo existem: 20 cidades com mais de 10 milhões de habitantes; 60 com mais de 4 milhões; 402 com mais de 1 milhão.
Vivemos em uma grande cidade como é Porto Alegre com seus mais de 1,3 milhões de habitantes. E Deus quer alcançar esta cidade.
A missão urbana de Jonas
Jonas foi o único profeta mandado para pregar aos gentios. Elias foi mandado para Sarepta com o intuito de morar lá durante uma temporada (1Rs 17.8-10), e Eliseu viajou a Damasco (2Rs 8.7), mas somente a Jonas é que foi dada uma mensagem de arrependimento e misericórdia, para pregar diretamente a uma cidade gentia. Sua relutância em ir pregar estava baseada num desejo de ver seu declínio culminar numa completa perda de poder. Também ele temeu que Deus pudesse mostrar misericórdia, deste modo oferecendo aos assírios a oportunidade de molestar Israel.
Contexto Histórico
Durante séculos, Babilônios e assírios disputaram o território da antiga Mesopotâmia, região entre os rios Tigre e Eufrates. O povo assírio, de origem semita, viveu nesta área e sua capital nos anos mais prósperos foi Nínive, numa região que hoje pertence ao Iraque, na margem ocidental do rio Tigre, perto da atual Mossul.
Jonas é comissionado pelo Deus de Israel para ir a Nínive, capital da Assíria. A sua missão era admoestar os assírios que devido a sua crueldade e ao muito derramamento de sangue, iriam sofrer a ira Divina caso não se arrependessem dentro de quarenta dias. Essa crueldade era tamanha que os assírios eram famosos, por exemplo, por decapitar os povos vencidos, fazendo pirâmides com seus crânios. Crucificavam ou empalavam os prisioneiros, arrancavam seus olhos e os esfolavam vivos. Temendo pela sua vida, Jonas foge rumo a Társis, no Sudeste da Península Ibérica (na moderna região da Andaluzia). Situa-se a aproximadamente 3.500 km do porto de Jope (a moderna Tel Aviv-Yafo).
O livro de Jonas, embora tenha sido colocado entre os profetas no cânon, é diferente do outros livros proféticos, pois ele não tem uma profecia que não contenha uma mensagem; a história é a mensagem. A história recorda um dos mais profundos conceitos teológicos encontrados no AT. Deus ama todas as pessoas e deseja compartilhar seu perdão e misericórdia com elas. Israel havia sido encarregado de entregar aquela mensagem, mas, de algum modo, eles não compreenderam a importância dela. Essa falha conseqüentemente os levou a um orgulho religioso extremo, de forma que, no Livro de Jonas, pode ser encontrada a semente do farisaísmo do NT.
Vivemos em uma realidade alarmante sobre o contexto que encontramos em uma cidade cosmopolita como Porto Alegre e um estado como o Rio Grande do Sul que, em muitas vezes é considerado progressista e avançado, mas em outras, principalmente religiosas, está aquém de outros estados brasileiros.
É o estado brasileiro com a menor taxa de crescimento da igreja; O Rio Grande do Sul se destaca como o estado com a menor taxa de crescimento (TCA) do país, 3,15%.
O Rio Grande do Sul é o Estado mais umbandista do Brasil. No Rio Grande do Sul mais de 170 mil gaúchos declararam que cultuam a religião dos orixás, surpreendentemente ficando na frente da Bahia famosa por seus terreiros e mães-de-santo, que está em nono lugar.
E Porto Alegre? Os desafios missionários são tão grandes quanto os do estado. A capital menos evangelizada do país. A cidade mais umbandista do país. Segundo mapeamento feito em Porto Alegre no ano de 2002 em 18 bairros da capital não existia nenhuma igreja evangélica. Segundo o mesmo mapeamento para disponibilizar uma igreja para cada 1000 porto alegrenses era necessário plantar pelo menos 990 novas igrejas além das que já existiam
Diz o missiólogo Jorge Henrique Barro que “a tarefa missionária que não leva em consideração o contexto corre o risco de ser ineficaz e indiferente. Por outro lado, a tarefa missionária que se contextualiza sem missão não passa de inculturação. Missão e contexto são inseparáveis”. A mensagem de Jonas tinha de ser proclamada independentemente do contexto histórico-cultural daquele povo. Jesus é a contextualização do evangelho para todos os povos!
Missão e sacrifício
Deus pediu a Jonas, o profeta, para levantar-se e ir 1300 km pra o oriente, a Nínive, uma cidade dos temidos e odiados assírios. Sua mensagem é pra ser um chamado ao arrependimento e uma promessa de misericórdia, caso eles respondessem positivamente. Jonas sabe que, se Deus poupar Nínive, então aquela cidade estará livre para saquear e roubar Israel novamente. Esse patriotismo nacionalista e seu desdém a que a misericórdia seja oferecida para pessoas que não fazem parte do concerto induzem Jonas a decidir deixar Israel e “fugir de diante da face do Senhor”. Sem dúvida, ele esperava que o Espírito de Deus não o seguisse. Jonas estava descontente e de algum modo se convence do que uma viagem a Társis irá livrá-lo da responsabilidade que Deus colocou sobre ele.
A viagem a Társis logo fornece a evidência de que a presença e a influência do Senhor não estava restrita à Palestina. Deus manda uma tempestade para golpear o navio e causar circunstâncias que conduzem Jonas face à face ao seu chamado missionário. Após determinarem que Jonas e seu Deus são responsáveis pela tempestade, e após esgotarem todas as alternativas, os marinheiros atiraram Jonas ao mar. Sem dúvida, Jonas e os marinheiros acharam que esse seria o fim de Jonas; mas Deus havia preparado um grande peixe para engolir Jonas e, após três dias e três noites, o peixe o jogou em terra firme.
O coração de Jonas ainda não está mudado, e ele reage com ira e confusão. Por que Deus teria misericórdia de pessoas que abusaram da nação de Israel? Talvez esperando que o arrependimento não tivesse sido genuíno, ou que Deus fosse escolher outra estratégia, Jonas constrói um abrigo numa colina, com vista para a cidade do lado oriente. Lá ele aguarda o dia indicado para o julgamento.
Interessante como muitas vezes, tal qual Jonas parece-nos mais confortável e barato desobedecer a Deus do quê obedecê-lo. Jonas estava disposto a fazer uma viagem de 3500 km em desobediência, do que ir a Nínive que estava a exatos 1300 Km, ou seja, metade do caminho, e realizar o desejo do coração de Deus.
Não podemos pensar em missão como um dos aspectos do ser Igreja, um departamento, mas como afirma o Dr. J. Andrew Kirk, “a Igreja é missionária por natureza ao ponto de que, se ela deixa de ser missionária, ela não tem simplesmente falhado em uma de suas tarefas, ela deixa de ser Igreja.”
O missiólogo Jorge Henrique Barro segue dizendo que “missão e sacrifício parece ser um binômio que não pode ser separado na vida da igreja. Nem todo sacrifício que a igreja faz resulta em missão, mas toda ação missionária implica em sacrifícios, quer sejam eles financeiros, pessoais, coletivos, emocionais, etc. Sem a perspectiva do sacrifício a igreja corre o risco de perder a fé, de ver o além; o além de si mesma e o além das possibilidades. O sacrifício é um dos termômetros mais precisos para mostrar o quanto a igreja esta perto ou longe da praxis de Jesus. O compromisso da igreja com a missão de Jesus esta em proporção direta com sua prática sacrificial. Esta por sua vez, determinará ou não o quanto ela é uma igreja missionária, encharcada da presença de Jesus”.
O Espírito Santo em Ação
Quando o Espírito conduziu Jonas para profetizar contra o povo de Nínive, o profeta se recusou a seguir a orientação do Senhor. O Espírito de Deus não cessou sua obra, mas continuou a intervir na vida de Jonas e a induzi-lo a fazer a vontade de Deus. Quando Jonas se arrependeu, o Espírito operou um arrependimento piedoso no coração do povo e eles responderam à mensagem de julgamento. Quando Jonas se recusou a aceitar esta obra divina, o Espírito Santo mostrou a ele o contraste entre sua preocupação com uma aboboreira e a preocupação de Deus com os habitantes da cidade.
Espírito Santo e missão são inseparáveis. Mesmo correndo o risco de uma generalização, creio que a igreja missionária é aquele que ouve e se move debaixo da ação do Espírito. Para isto, é necessário que a igreja esteja aberta para as manifestações do Espírito.
Quem tem ouvidos ouça, o que o Espírito diz a Igreja: “Não deveria eu ter pena dessa grande cidade de Porto Alegre em que há mais de um milhão e trezentas mil pessoas que não sabem discernir entre a sua mão direita e a esquerda, e também muito gado?” (grifo nosso).
Pb. Marcio F. Barboza Cesar
Professor de Missão Urbana, Evangelismo e Religiões Comparadas
Fontes Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Plenitude
Site:
Site: http://pt.wikipedia.org/
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